segunda-feira, 12 de abril de 2010

Teresa

Ainda tenho 2o minutinhos antes de sair correndo para as reuniões matinais de segunda feira. To aproveitando para escrever um pouquinho. Bom, esse final de semana foi muito bom. Consegui falar com meus amados latinos e matar um pouco a saudade. Além do lazer também tive que fazer alguns trabalhos. O primeiro foi um exercício simples de observação. Tivemos que escolher uma vítima, observá-la (sem que ela percebesse, é claro)e criar a sua história. Enquanto estava no restaurante engordando, escolhi a minha: Uma velhinha de uns 75 anos. A história que fiz pra ela? Tadinha. Matei o marido dela de câncer e disse que ela estava tentando enfrentar os traumas do passado aqui no Havaí. Mas até que ficou convincente. Fiquei até com um pouco de pena dela depois de tentar realmente imaginar o seu "passado". Para quem quiser, to colocando aqui o caso da coitadinha. Lembre-se que é de mentirinha, hein!

Seu nome é Teresa. Seu olhar cansado e a pele enrugada já não conseguem mais esconder os seus 75 anos de vida. A educação rígida que teve na infância acabou tornando-a uma pessoa fria e de poucos amigos. Seu único filho raramente vem visitá-la. A relação entre os dois nunca foi muito próxima. Seu marido, porém, de alguma forma que ela nunca conseguiu explicar direito, era o único que conseguia fazê-la sorrir como uma criança. Havia algo no seu jeito que contagiava todos a sua volta. Mas ele já não estava mais aqui. Um câncer terminal acabou tirando de Teresa aquilo que ela mais amava. Ela ainda carregava as lembranças do passado, mas elas vinham como fantasmas tentando atormentá-la nas noites de solidão. Havia se mudado para o Havaí para tentar voltar a sonhar e encontrar uma motivação de vida depois da sua terrível perda. Vendeu sua antiga casa e juntou suas economias para mudar-se para o lugar que todos chamavam de paraíso. Talvez fosse realmente isso que ela precisasse para voltar a viver. Mas suas tentativas pareceram não causar efeito. Gastava longas horas cuidando de suas flores no pequeno quintal de sua casa e no restante do tempo, procurava se distrair caminhando pela cidade. Nos finais de semana, gostava de almoçar olhando o mar no seu restaurante favorito. As pessoas a sua volta faziam com que ela não se sentisse tão só. Mesmo depois de terminada a refeição, Teresa ainda ficava vários minutos apreciando a vista e sentindo a brisa suave do mar. Havia algo no horizonte que sempre chamava a sua atenção. Ela nunca soube o que era. Talvez, quem sabe, fosse aquela esperança de que talvez um dia ela ainda pudesse viver a vida feliz que tivera ao lado do seu marido.

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