segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mais uma semana de trabalho!

Essa última semana com certeza vai ficar marcada na minha memória. Pelas experiências boas, ou talvez pelas traumáticas. Vamos começar então recapitulando algumas coisinhas. Sou o único homem da equipe, no meio de mais três mulheres. E as coincidências sempre me surpreendem, como por exemplo, o fato das três mulheres ficarem com TPM juntas! É incrível como elas podem se tornar irritadiças, sensíveis, imprevisíveis, ou até perigosas durante esses dias. Você nunca sabe quando elas podem pegar a faca no almoço e enfiar no seu estômago. Graças a Deus que esse tempo acabou sem nenhum acidente... Passamos a semana em Itainópolis, cidade dominada por gangues de porcos e urubus. É também a cidade do nosso mais novo amigo Frank Aguiar. O trabalho foi feito basicamente nas escolas do município, com apresentações de teatro e dança (confiram o vídeo fiasqueira). Toda vez que eu entrava em uma dessas escolas, me sentia como se estivesse entrando em um zoológico. Todos me olhavam como se eu fosse uma espécie em extinção. To começando a desconfiar que era pela minha cor de pele, será?. Acho que vale citar aqui alguns dos comentários que ouvi dos amáveis alunos: ‘’Nossa, o rapaz parece morto!’’, ou: ‘’Michael Jackson não morreu!’’. Outra surpresa que tivemos, foi saber que justamente nos dias em que estávamos lá, estavam sendo gravadas cenas do filme que conta a história de Frank Aguiar. Com o qual tivemos a honra de tirar uma foto. Sinto dizer, porém, que fazíamos mais sucesso nas ruas do que o próprio Frank. Em todos os cantos as pessoas nos identificavam por terem nos visto nos colégios. Ai, ai. A gente ganha pouco mas se diverte. Confiram as fotos e vejam que isso tudo é verdade.


Francisco Santos

Depois do trabalho que fizemos em Juazeiro, viajamos para Picos, Piauí. Sim, Picos é ainda mais quente do que Juazeiro do Norte, para a alegria da minha pele branca. Vou tentar usar um exemplo prático, para ver se fica mais fácil entender: Tome banho e aproveite para lavar sua roupa no chuveiro. Pendure-a na sombra, dentro do seu quarto e durma. Pronto, no dia seguinte pegue sua roupa seca e vista-se para mais um dia de trabalho! Querem mais um? Ventilador de teto é tecnologia ultrapassada. Aqui nós chamamos de secadores de cabelo de teto! Bom, brincadeirinhas a parte (quem me dera se fosse realmente brincadeira) vamos às informações úteis: Toda terça feira, viajamos para algum povoado próximo para a semana de trabalho. Nossa primeira semana de trabalho no Piauí, foi em Francisco Santos. Nosso trabalho também começava cedo, com visita nas casas do Km 87. A recepção e a hospitalidade das pessoas tem sido algo que me surpreende a cada dia. Em todas as casas, as pessoas nos convidavam para entrar e tomar água ou suco natural de caju (um dos meus mais novos vícios). A facilidade com que as pessoas abrem seus corações e sentimentos também me chamou muito a atenção, e, como geralmente acontece com as pessoas, sempre existem aquelas que te marcam mais. E uma dessas pessoas que ficarão guardadas no meu coração, é a dona Cândida. Uma senhorinha com seus 70 e poucos anos e pele sofrida pelo sol quente. Durante alguns dias, pudemos conversar e saber um pouco de sua história. Não precisávamos falar muito, bastava apenas olhar com ternura para aqueles olhos que cintilavam como se tivessem luz própria. No último dia, quase não consegui segurar as lágrimas quando ouvimos a pergunta feita por ela, como quando uma criança pergunta ao pai: Mas vocês voltam, né? Com todo amor, tivemos que responder com poucas esperanças, sabendo que talvez nunca mais nos encontraremos novamente: Quem sabe, dona Cândida. A gente nunca sabe o que a vida nos espera, né? Ainda lembro do seu caminhar meio perdido, se afastando na rua de barro em direção a sua casa. Quanto mais passam os dias, mais percebo que as pessoas não precisam de muita coisa. Só precisam de amor. Pudemos encontrar várias delas que tinham seus reservatórios de amor vazios. Fico feliz em poder tê-los enchido, nem que apenas com algumas gotas.






























De volta ao lar!

Depois do exaustivo trabalho durante a romaria do Pe. Cícero, retornamos à base do Crato, onde desfrutamos do nosso merecido dia de folga com mangas colhidas direto do pé, sombra e água fresca! As atividades, em quase todos os dias começavam cedinho e estendiam-se até a madrugada. O trabalho resumia-se em distribuição de água durante as manhãs, e sopão durante a madrugada. Durante o sol da manhã escaldante, a multidão de romeiros preenchia cada espaço das ruas estreitas e das barracas montadas com artigos religiosos. Durante a noite, a cidade parecia fantasma, dando espaço somente para a sujeira e para os vários romeiros de semblante sofrido que dormiam amontoados nas calçadas ou em redes improvisadas nos ‘’paus-de-arara’’. O pensamento que me vinha a cabeça era: Alguma coisa está errada. As pessoas, ao invés de celebrarem a vida e a sua fé, estampavam nos seus rostos sofrimento e dor. A equipe da JOCUM, também não era bem vinda na cidade. Os padres não cansavam de avisar ao povo a não aceitarem a água e o sopão que distribuímos, utilizando alguma desculpa religiosa não justificável com medo de que os fiéis abandonassem a sua fé. Lembro de um dos comentários que ouvimos de um dos romeiros: ''Não entendo porque o trabalho de vocês é tão criticado, sendo que são os únicos que nos ajudam de alguma forma durante esse tempo.’’ Nossa equipe foi instruída a não questionar em hipótese alguma a fé do povo. Nosso propósito não era gerar discussão e discórdia, mas sim levar amor e alegria. E eles receberam com muita gratidão.












Como tudo começou

Não sei por que cargas dágua, mas infelizmente perdi o post que tinha preparado para colocar aqui. Mas só para não deixar todos perdidos, já que saí de casa sem ao menos me despedir direito dos meus familiares e amigos, vou tentar explicar nos próximos capítulos da minha saga nordestina as aventura que tenho vivido durante esse tempo. Mas antes disso, é melhor começarmos do início:

Já faz um tempo, desde que tive o primeiro contato com a Jocum (YWAM) na Suíça, que me interessei pelo trabalho desse ''movimento''. A Jocum é parte da Universidade das Nações, universidade com campi em mais de 130 países, sendo vários dele aqui no Brasil. Essa universidade cristã é diferente das outras em vários aspectos. O principal deles, é capacitar as pessoas em todas as áreas de atuação (política, arte, comunicação) a fazerem diferença na sociedade em que vivemos. A porta de entrada para essa Universidade (algo que pode ser comparado a um vestibular), é a ETED. Escola de Treinamento e Discipulado, curso também oferecido em vários países. A escola tem duração de 5 meses, sendo que 3 deles são teóricos e os outros 2 práticos. Nossa turma de ETED foi dividida em 4 grupos menores, que estão fazendo trabalhos no Chile, Antonina e Joinville, Sertão e interior de São Paulo. É por isso então que vim parar aqui no Sertão! Nossa equipe é formada por apenas 4 pessoas. 3 mulheres e eu (eu sei, TPM ao cubo). Ficaremos esses dois meses aqui no nordeste prestando serviços sociais em diversas cidades. Depois desse tempo, retornaremos a Curitiba para a nossa formatura. Meus planos futuros, depois da escola, são fazer cursos na área de comunicação pela Universidade das Nações no campus de Kona, Havaí. Mas até lá, tenho ainda uma longa jornada a ser cumprida. Nos próximos posts, vou tentar contar com mais detalhes o trabalho que estamos fazendo aqui. Portanto, sinta-se em casa e voltem sempre!